José Abraão Rezende Goveia

O ENSINO DE HISTÓRIA E O PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL: AS VAQUEJADAS DE PEGA DE BOI NO MATO NO SERTÃO SERGIPANO EM CORDEL

  

Esse texto discute uma proposta de projeto de pesquisa em processo de desenvolvimento no mestrado profissional em ensino de história na Universidade Federal de Sergipe- UFS, sobre a temática das vaquejadas de pega de boi no mato no sertão sergipano, através das percepções do vaqueiro Zé Miúdo. Essa está sendo desenvolvida na cidade de Porto da Folha, localizada no alto sertão sergipano. Para a realização dessa pesquisa vem sendo utilizado o método da história oral, pois essa tem permitido os estudos de sujeitos e grupos históricos que as fontes tradicionais deixavam na marginalidade historiográfica, esquecidos, silenciados, isso vem se modificando a algum tempo, pois

 

“Por outro lado, existiam historiadores que compreendiam que as fontes orais poderiam dar acesso a uma parcela da população que até então estava marginalizada na produção historiográfica, porque as fontes tradicionalmente utilizadas não permitiam a visibilidade destes grupos” (GUARIZA, 2014, p. 01)

 

Tradicionalmente a história das mulheres, negros, indígenas, homossexuais, camponeses, vaqueiros e outros grupos sociais, não eram estudadas pela historiografia e existe uma ausência desses conteúdos nos livros didáticos de história da educação básica, porém na atualidade o ensino de história e a própria história vem se transformando e as discussões vem se

 

“Voltando ao primeiro assunto, acredito que a história tal como a pesquisamos pode ser extremamente rica como produtora de novos temas, de novos objetos e de novas interpretações. A história está se transformando em histórias, histórias parciais e plurais, até mesmo sob o aspecto da cronologia” (POLLAK, 1992, p. 209)

 

A cidade de Porto da Folha tradicionalmente, historicamente e culturalmente realiza sua festa do vaqueiro desde 1969, essa na atualidade se constitui como um patrimônio cultural imaterial do povo sergipano conforme lei ordinária Nº 195/2019, aprovada pela assembleia legislativa de Sergipe em 22 de outubro de 2020. Essa é considerada um patrimônio devido a todo um contexto histórico da presença marcante dos vaqueiros do sertão na região, realizando o seu trabalho na lida com o gado nas fazendas, e realizando a pedido de seus patrões para pegar o boi no mato, na caatinga, bioma que caracteriza essa região nordestina. Para o vaqueiro, nordestino e sertanejo era sempre o seu desejo

 

“Pegar o boi mais famoso da região, que desafiava o homem "em suas barbas", passava a ser questão de honra, coragem e "firmeza". Por isso, a atitude do vaqueiro (que o romance atribui também ao boi) deveria fazer jus ao apego de sua gente pela valentia, pela honra, pela palavra empenhada. O homem, que se sentia desafiado em sua capacidade profissional e consequentemente em sua integridade, o homem que não tolerava dúvidas quanto a seus atributos pessoais, ousava então entrar no sertão sozinho. Declarava sua autossuficiência perseguindo o boi, a fama, enfim o boi-Fama” (MATA, 2003, p. 41)

 

Na atualidade na festa do vaqueiro de Porto da Folha, Sergipe, a prática cultural da pega de boi no mato ocorre no parque de vaquejada Nilo dos Santos, situado em uma localidade chamada de serra dos homens, com uma extensão territorial de 300 tarefas de terra, o sábado da festa, atrai uma grande quantidade de vaqueiros vestidos com seus uniformes de couro, que são o gibão de couro, guarda peito de couro, perneira de couro, montados em seus cavalos com selas e guarda peito de couro, segundo o escritor Capistrano de abreu desde o período da colonização do Brasil, se desenvolveu no interior, sertão, uma verdadeira sociedade do couro, conforme relata em sua obra

 

“De couro era a porta das cabanas, o rude leito aplicado ao chão duro, e mais tarde a cama para os partos; de couro todas as cordas, a borracha para carregar água, o mocó ou alforje para levar comida, a maca para guardar roupa, a mochila para milhar cavalo, a peia para prendê-lo em viagem, as bainhas de faca, as bruacas e surrões, a roupa de entrar no mato, os banguês para curtume ou para apurar sal; para os açudes, o material de aterro era levado em couros puxados por juntas de bois que calcavam a terra com seu peso; em couro pisava-se tabaco para o nariz” (ABREU, 2006,p. 85).

 

Além de suas vestimentas de couro, o vaqueiro nordestino e sertanejo, na realização de seu trabalho na fazenda, na prática de correr o boi no mato, na caatinga, nos momentos em que conduzia as boiadas de uma região para outra, com grupos de amigos vaqueiros, nas festas de vaquejadas e cavalgadas, alegram a suas vidas e manifestam suas lutas, coragem, bravura e resistência através das cantorias, que pode ser um aboio, toada, versos de improviso, poesias rimadas, entre outras manifestações culturais desse grupo social, sobre o aboio esses tem uma grande representatividade para a vida e existência do vaqueiro ao longo do tempo “A princípio, o aboio é o canto poético do vaqueiro, ecoado pelos campos e também pelas estradas na condução do gado. Como canto de trabalho, ainda hoje, permanece no campo como cultura de resistência” (MAURÍCIO, 2006, p. 22)

 

Tendo como referência a festa do vaqueiro de Porto da Folha, e essa se constituindo como um patrimônio cultural imaterial do povo sergipano e sertanejo, vem sendo organizado no Colégio Estadual Governador Lourival Baptista, Porto da Folha, Sergipe, nesse ano letivo de 2021 um projeto que tem como temática as vaquejadas de pega de boi no mato no sertão sergipano, sendo essas práticas culturais portadoras de referencia a memória, identidade de um povo, onde ocorre manifestações de formas de expressões, artísticas  e culturais, para isso, essa pesquisa e projeto tem se fundamentado na constituição federal do Brasil de 1988, que assim define patrimônio 

 

 “Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:  I -  as formas de expressão; II -  os modos de criar, fazer e viver;   III -  as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV -  as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V -  os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico” (BRASIL,1988)

 

Desde o ano de 2017 que é realizado no Colégio Estadual Governador Lourival Baptista, Porto da Folha, Sergipe o projeto escolar rimando, rimando a história vamos estudando, esse consiste na produção de cordéis em formato de sextilha, esses são apresentados aos alunos no momento em que será introduzido, iniciado um novo conteúdo em ensino de história, conforme a sequência didática dos assuntos abordados no livro didático dos alunos que estudam no colégio, já foram produzidos cordéis com assuntos que abordam desde a antiguidade até a contemporaneidade. A produção, apresentação e discussão desses cordéis em sala de aula, no ensino de história, tem como objetivo desenvolver no aluno o habito, gosto e prazer pela leitura e escrita, interpretação e compreensão textual, valorizando uma manifestação literária, artística e cultural que caracteriza a sociedade nordestina e sertaneja, e que é portadora de identidade, sendo assim

 

“Trabalhar ensino de história através da literatura de cordel, vai além de disponibilizar novas ferramentas, mas descobri-las e através delas permitir a criação de uma identidade entre o sujeito e o contexto no qual está inserido, ou seja, uma história que lhe seja útil para o próprio reconhecimento enquanto sujeito histórico inserido na vida em sociedade” (SANTOS, 2018, p. 35)

 

Por ter sido a Região Nordeste a primeira porta de entrada da literatura de cordel no Brasil e por haver ela ali se instalado e sofrido um longo e intenso processo de adaptação e desenvolvimento (SILVA,2014,p.13) e sendo o cordel um patrimônio cultural imaterial do povo brasileiro, se faz necessário se fazer bons usos dessa riqueza cultural, poética, que se difundiu no Brasil e se aperfeiçoou, adquirindo características próprias principalmente na região nordeste, onde os temas em cordel tornaram-se variados, desde casos amorosos, cangaço, lideres messiânicos, vaqueiros, bois misteriosos, cavalos ligeiros, reis e rainhas passaram a serem escritos em formato de cordel, atraindo um publico leitor principalmente de baixo poder aquisitivo.

 

“Como o cordel mantém laços estreitos com a oralidade, é importante que o professor ao trabalhá-lo em sala de aula, possa ter o cuidado necessário ao trabalhar fontes orais. Levar para a sala de aula cordéis que tratem sobre o cangaço, a escravidão no Brasil, ou até mesmo aqueles mais voltados aos debates políticos, não quer dizer que os cordéis por si só fornecerão o conhecimento necessário aos alunos sobre história, mas bem trabalhados, esses materiais, mesmo quando com opiniões questionáveis, podem exercer uma função importante, instigando nos alunos o desejo de questionamento, o levantamento de debates e principalmente o desejo pela pesquisa e o contato com outras fontes, para que assim possam, a partir dessa busca, se deparar com novas visões e amadurecer seus conceitos, respeitando sempre as diferentes percepções e contextos históricos existentes” (SANTOS, 2018, p. 20)”

 

Essa pesquisa está realizando entrevistas em história oral de vida através do colaborador, o vaqueiro Zé miúdo, com o objetivo de perceber como se dão as vaquejadas de pega de boi no mato, no sertão sergipano, o vaqueiro citado é socio e já exerceu durante dois mandatos a presidência da Sociedade Recreativa Parque Nilo dos Santos, entidade que desde 1982, organiza a tradicional festa do vaqueiro de Porto da Folha, Sergipe, essa foi criada no ano de 1969. Essa festa acontece no último final de semana do mês de setembro, no ano de 2020 comemoraria 50 anos de sua tradição festiva, porém devido a pandemia da COVID-19, não foi realizada. Essa existe desde o ano de 1969 e só foi interrompida duas vezes, uma no ano de 1970 devido uma forte seca que assolou a região, e agora no ano de 2020. No final de semana no qual a festa acontece essa se organiza da seguinte forma, na sexta-feira, ocorre a abertura festiva, com aboiadores, toadeiros, declamando suas poesias de improviso, animando a festa, seus visitantes, homenageando os vaqueiros amigos, lideranças políticas da região, em seguida é organizada uma grande cavalgada com muitos vaqueiros encourados, com faixas, bandeiras, trios elétricos, tendo a frente a comissão organizadora da festa e a rainha dos vaqueiros, a cavalgada percorre todas as ruas da cidade, sendo ovacionada por participantes, visitantes, turistas de diversas partes do Brasil e até mesmo do mundo.

 

No sábado da festa, que corresponde ao seu segundo dia,  é realizada a pega do boi no mato, na caatinga, essa se realiza na localidade da serra dos homens, onde existe um parque de vaquejada batizado de parque Nilo dos Santos, recebe esse nome, por esse ter sido um vaqueiro que participou ativamente da fundação da festa em 1969, o parque corresponde a uma grande extensão territorial, cedida, oficializada, no período do Governo de João Alves Filho, em Sergipe, esse é coberto pela vegetação da caatinga, justamente devido a prática cultural da pega do boi no mato, tem também um galpão de alvenaria onde acontece as práticas das cantorias do aboio , toada, poesias de improvisos, danças de forró, local de encontro entre amigos e vaqueiros que estão participando da festa. No domingo ocorre o encerramento com a entrega de prêmios aos vaqueiros ganhadores das corridas da pega de boi no mato do dia anterior, em seguida é organizado um desfile de encerramento a cavalos pelas ruas da cidade

 

O vaqueiro zé Miúdo se constitui como um legitimo representante da sociedade recreativa parque Nilo dos Santos, devido ao seu compromisso, dedicação, responsabilidade e disponibilidade para com a entidade ao longo do tempo, para os seus pares, vaqueiros, guarda em sua memória, lembranças, recordações de como se davam as primeiras vaquejadas de pega de boi no mato na década de 1960, sendo esse um dos que fizeram parte do grupo de vaqueiros que juntamente com o Frei Angelino deram origem as primeiras festas em Porto da Folha. Nesse sentido

 

“É como se, numa história de vida individual - mas isso acontece igualmente em memórias construídas coletivamente - houvesse elementos irredutíveis, em que o trabalho de solidificação da memória foi tão importante que impossibilitou a ocorrência de mudanças. Em certo sentido, determinado número de elementos tomam-se realidade, passam a fazer parte da própria essência da pessoa, muito embora outros tantos acontecimentos e fatos possam se modificar em função dos interlocutores, ou em função do movimento da fala. Quais são, portanto, os elementos constitutivos da memória, individual ou coletiva? Em primeiro lugar, são os acontecimentos vividos pessoalmente.  Em segundo lugar, são os acontecimentos que eu chamaria de "vividos por tabela", ou seja, acontecimentos vividos pelo grupo ou pela coletividade à qual a pessoa se sente pertencer” (POLLAK, 1992, p. 201)

 

Tendo a constituição identitária de vaqueiro desde a infância, o vaqueiro Zé Miúdo irá participar da culminância do projeto escolar rimando, rimando a história vamos estudando nesse ano de 2021 que tem como tema as vaquejadas de pega de boi no mato no sertão sergipano, que esse ano acontecerá no mês de agosto de forma presencial caso as escolas já estejam liberadas ou de forma remota conforme as restrições impostas pela pandemia da COVID-19.  O vaqueiro nessa oportunidade participará da realização no Colégio Estadual Governador Lourival Baptista de uma roda de conversa sobre história oral de vida de vaqueiros, aboiadores, cantadores de toadas da sociedade recreativa Parque Nilo dos Santos, e as vaquejadas de pega de boi no mato no sertão sergipano, culminando essa conversa em uma oficina de literatura de cordel, onde será produzida ao final uma cartilha em cordel que será apresentada na Universidade Federal de Sergipe.

 

Nesse contexto pretende-se organizar uma roda de conversa no Colégio Estadual Governador Lourival Baptista com representantes e vaqueiros da sociedade recreativa parque Nilo dos Santos, caso as aulas ainda não estejam presenciais no modelo hibrido ou remoto. Proporcionar a vaqueiros aboiadores e toadores da região apresentarem suas produções poéticas e artística no espaço do colégio com participação dos alunos e comunidade escolar. Debater conceitos referentes a patrimônio, memória, identidade, história oral, cultura e tradição, tendo como referência a história de vida de vaqueiros sertanejos. Realizar uma oficina de cordel para a produção de uma cartilha com a temática da história das vaquejadas de pega de boi no mato no sertão sergipano. Discutir no espaço escolar elementos da cultura e história local, Porto da Folha, Sergipe. Incentivar práticas de leitura e escrita para o desenvolvimento humanos. Desenvolver no aluno a capacidade de compreensão, interpretação e comparação textual. Valorizar o cordel com um produto cultural que caracteriza a cultura sertaneja e nordestina.

 

Dessa forma pretende-se continuar desenvolvendo no colégio e divulgando em espaços de debate como esse simpósio, esse tipo de projeto, com novas temáticas, mais aproximando, dialogando com os grupos que compõem, fazem parte desse patrimônio cultural imaterial que se manifesta nas atividades de trabalho e festas organizadas pelos vaqueiros, nas produções literárias que trabalham com o cordel, utilizando esses recursos no ensino de história, de forma, dinâmica, criativa, participativa, reflexiva, em uma sociedade diversa e plural.

 

Referências biográficas

 

José Abraão Rezende Goveia, professor de história nas redes públicas estaduais de Sergipe e Alagoas, mestrando em ensino de história pela Universidade Federal de Sergipe- UFS

 

Referências bibliográficas

 

ABREU. João Capistrano de. Capítulos de história colonial (1500 – 1800) & Caminhos antigos e povoamento do Brasil. 5a. ed. Brasília: Ed. da Universidade de Brasília, 1962

 

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

 

GUARIZA, Nádia Maria. A História Oral e o Ensino de História: A discussão atual em revistas acadêmicas brasileiras. Os desafios da Escola Pública Paranaense na perspectiva do professor. PDE. Paraná, 2014.

 

MATA, Giulle Vieira da. O Segredo do Boi Misterioso nos Romances de Vaqueiros. Sete Lagoas. Revista de Dialectología y Tradiciones Populares. 2003. Disponível em: <http://rdtp.revistas.csic.es/index.php/rdtp/article/viewFile/150/151>. Acesso em: 08.07.2014.

 

MAURÍCIO, Maria Laura de Albuquerque. ABOIO, o canto que encanta: uma experiência com a poesia popular cantada na escola. 2006. 96f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2006.

 

POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.5, n.10, p. 200-212, 1992.

 

SANTOS, Ary Leonan Lima. Utilização do cordel como ferramenta para o ensino de história: conceitos, repertórios e experiências. 2018.102f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de História) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2018.

 

SILVA, Raymundo José da. Perspectiva do folheto de cordel na sua transposição dos sertões para os centros urbanos. 2014. f. 265.tese-Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras, programa de pós-graduação em Letras, Porto Alegre, BR-RS.

 

9 comentários:

  1. Prezado professor José Abraão, primeiramente, lhe parabenizo pela pesquisa e por este texto. Fiquei encantado com a proposta de uso dos cordéis na sala de aula e a forma que você tem trabalhado com a História Oral, tanto no mestrado quanto na escola. Como você mencionou algumas vezes a pandemia do COVID-19, gostaria de lhe perguntar se durante este período de aula remotas você tem explorado estratégias e alternativas relacionadas as vaquejadas e também aos cordéis? Quais outros caminhos, ainda neste âmbito, poderiam ser traçados?
    Muito obrigado!
    Marcone de Souza Guedes

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    1. Boa noite Marcone Guedes

      Meu caríssimo leitor
      Em versos vou responder
      Durante a pandemia
      O cordel fiz florescer
      Na sala do google meet
      Tenho usado pra valer

      O cordel é tradição
      E cultura do sertão
      Nas aulas de História
      Ajuda na reflexão
      Ensinando os alunos
      A entrar na discussão

      Essa pandemia mundial
      Muito tem desafiado
      E o mestre professor
      Tem ralado um bocado
      Junto com o cordel
      Tem deixado o recado

      A nossa vaquejada
      50 anos ia comemorar
      Devido a pandemia
      Foi preciso cancelar
      Mais na nossa escola
      Viemos a estudar

      Pegas de boi no mato
      É cultura popular
      Em nossa bela terra
      Podemos apreciar
      Em Porto da Folha
      A festa é secular

      São muitas estratégias
      Que tenho adotado
      Como em um projeto
      Que vai ser realizado
      Que fala do cordel
      E das pegas de gado

      Através desses versos
      Espero ter respondido
      E ao amigo leitor
      Gratidão por ter lido
      Pois o nosso cordel
      Não pode ser esquecido

      Tentei responder sua pergunta por meio desse cordel em formato de sextilha é dessa forma que tenho trabalhado em sala de aula com meus alunos, apresentando o cordel como uma metodologia de ensino e aprendizagem e nessa pandemia não tem sido diferente tenho usado o cordel para apresentar aos alunos vários conteúdos do Ensino de História de forma remota, online e usando as tecnologias disponíveis.

      José Abraão Rezende Goveia

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    2. Caro José Abraão, estou ainda mais encantado com sua atuação, tanto no campo da pesquisa quanto da docência. Seus alunos tem muito sorte. Parabéns pela iniciativa e pelo belíssimo cordel apresentado. Abraço.

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  2. Meu caríssimo leitor
    Em versos vou responder
    Durante a pandemia
    O cordel fiz florescer
    Na sala do google meet
    Tenho usado pra valer

    O cordel é tradição
    E cultura do sertão
    Nas aulas de História
    Ajuda na reflexão
    Ensinando os alunos
    A entrar na discussão

    Essa pandemia mundial
    Muito tem desafiado
    E o mestre professor
    Tem ralado um bocado
    Junto com o cordel
    Tem deixado o recado

    A nossa vaquejada
    50 anos ia comemorar
    Devido a pandemia
    Foi preciso cancelar
    Mais na nossa escola
    Viemos a estudar

    Pegas de boi no mato
    É cultura popular
    Em nossa bela terra
    Podemos apreciar
    Em Porto da Folha
    A festa é secular

    São muitas estratégias
    Que tenho adotado
    Como em um projeto
    Que vai ser realizado
    Que fala do cordel
    E das pegas de gado

    Através desses versos
    Espero ter respondido
    E ao amigo leitor
    Gratidão por ter lido
    Pois o nosso cordel
    Não pode ser esquecido

    Tentei responder sua pergunta por meio desse cordel em formato de sextilha é dessa forma que tenho trabalhado em sala de aula com meus alunos, apresentando o cordel como uma metodologia de ensino e aprendizagem e nessa pandemia não tem sido diferente tenho usado o cordel para apresentar aos alunos vários conteúdos do Ensino de História de forma remota, online e usando as tecnologias disponíveis.

    José Abraão Rezende Goveia

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  3. Abraão, parabéns pelo estudo e pelo diálogo que se propõe a fazer entre à pesquisa acadêmica e o ensino de história na Educação Básica das redes regulares de ensino de SE e AL, salve!
    Não percebi em suas reflexões a questão de um debate acerca da proibição das vaquejadas em território nacional, dado que alguns grupos de proteção e defesa dos animais, vem discutindo e debatendo essa questão, em que pés andam essa discussão, você tem informação? A outra questão, entendo que o pesquisador ao selecionar seu repertório teórico faz algumas escolhas, mas nestas escolhas às vezes negligencia referências singulares à pesquisa que se propõe, a título de informação você conhece o texto "O Grande Mentiroso, de Janaina Amado? Se sim, você não acha relevante nessa pesquisa que está em curso? No mais, parabéns e sucesso na pesquisa.

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    1. Boa tarde Antonio !

      Primeiramente muito obrigado pela leitura do texto, dicas e sugestões
      Com relação a proibição das vaquejadas segue o texto abaixo:
      O caso em estudo demonstra que está consolidado no Supremo Tribunal Federal um entendimento de que, o direito dos animais está acima do direito de manifestação cultural, de que o homem não deve abusar do animal para divertimento próprio, e embora tanto essas duas ideias estejam numa mesma hierarquia constitucional, o bem tutelado da fauna, o direito dos animais, é superior ao direito de manifestação cultural. Contudo, é importante destacar que as duas atividades anteriores e inconstitucionais são diferentes da vaquejada. Afinal, tanto na “briga de galo” quanto
      na “farra do boi” a violência é intrínseca, é um requisito essencial para que o esporte aconteça, que, por diversas vezes, termina com a morte do animal. Porém, na vaquejada a violência ela é percebida como uma consequência desse esporte, de modo que, busca-se o dano mínimo e procura evitar qualquer maltrato desnecessário ao animal. Deve-se ainda levar em consideração que a vaquejada é uma importante fonte de renda e emprego, sobretudo para as regiões mais pobres do Nordeste, logo, a inconstitucionalidade desse esporte acarretaria efeitos danosos. Porém, percebe-se que é importante ponderar os efeitos culturais ao bem estar dos animais para justificar a manutenção da atividade.
      Esse trabalho tem como proposta a visão da vaquejada como manifestação cultural, identidade, tradição e cultura do povo nordestino sertanejo, no caso de minha pesquisa estamos analisando as vaquejadas de pega de boi no mato na festa do vaqueiro de porto da Folha, nessa perspectiva defende o não maus tratos aos animais, mais também defende a manutenção dessas práticas culturais, tudo com lei, regras fiscalização, ética, entre outros. No tocante ao texto O grande mentiroso não fiz a leitura, fiz agora depois de suas dicas uma pesquisa rápida na internet e vou ler mais sobre o mesmo pois trata de tradição, simbolismo, cultura popular, vou ler, obrigado pelas dicas, um abraço e um bom evento.

      José Abraão Rezende Goveia

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  4. Professor que patrimônio imaterial fantástico. Que estudo maravilhoso. Essa é uma festa autêntica das regiões originadas da "civilização do couro" no nordeste brasileiro. ESSA TRADIÇÃO QUE SE REALIZA EM PORTO DA FOLHA NO SERTÃO SERGIPANO AINDA MANT~EM OS MESMOS ELEMENTOS DO SEU INÍCIO OU HOUVE NOS TEMPOS ATUAIS MODIFICAÇÕES? Jessé Gonçalves Cutrim

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    1. Bom dia Jessé !

      Primeiramente muito obrigado pela leitura e interesse pelo trabalho

      Existe sim na cidade de Porto da Folha, Sergipe uma forte tradição relacionada as pegas de boi no mato que ocorrem em diversas propriedade rurais da região, porém esses estudo tem como campo de delimitação de pesquisa as pegas de boi no mato que ocorrem na festa do vaqueiro de Porto da Folha a 50 anos, essa festa é realizada anualmente no ultimo final de semana de setembro. A sociedade Recreativa Parque Nilo dos Santos que organiza a festa mantem a tradição das pegas de boi com os vaqueiros encourados cantando seus aboios e toadas, desfilando em cavalgadas pelas ruas da cidade, essa é a parte tradicional da festa, já parte social que é organizada pela prefeitura essa incorpora os elemento de atrações de grandes bandas de forró de nome nacional, como também bandas de pagode e arrocha da atualidade. Nos dias da festa do vaqueiro o turista pode apreciar a festa tradicional, raiz ou apreciar a festa de uma forma mais moderna com os elementos culturais citados, nesse sentido a festa na cidade cresceu muito, e mudanças são percebíveis em contexto de globalização e hibridismo cultural. Um abraço e um bom evento

      José Abraão Rezende Goveia

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  5. José. Parabéns pelo seu trabalho, precisamos ampliar no ensino as discussões sobre patrimonio imaterial. E teu trabalho com cordel é um exemplo das potencialidades em aprendizagem histórica.

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