Gerlane do Nascimento Mendes

EDUCAR PARA CONHECER E VALORIZAR: A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A VALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA LOCAL

  

Educar, conhecer, preservar e valorizar são ações que devem andar de mãos dadas. Segundo Hannah Arendt, a educação está “entre as atividades mais necessárias e elementares da sociedade humana” (ARENDT,1979, p. 234). É por meio da educação que valores são transmitidos e saberes construídos, e é no processo educativo que se ensina sobre a história de um povo e sobre a importância de seu patrimônio cultural, bem como este é um elemento primordial da história de cada sociedade e de cada indivíduo que a ela pertence. Nesse sentido o ensino de História tem um papel crucial nesse processo, no momento em que busca por meio da mobilização dos mais diversos saberes históricos, proporcionar a valorização da cultura, da história, da identidade e o conhecimento dos elementos culturais de um povo.

 

Um importante debate sobre nova formas de ensinar história e novos diálogos possíveis com diferentes áreas do conhecimento, discute a importância da educação patrimonial no ensino de História. Por meio da educação patrimonial, é possível construir um conhecimento muito mais significativo junto aos alunos, fazendo com que estes se conectem de forma mais direta com sua comunidade, com seu povo e com sua cultura. A educação patrimonial é voltada para a valorização do patrimônio cultural, constituindo-se de processos educativos que contribuem para proporcionar que os indivíduos sejam capazes de entender a importância de preservar elementos que fazem parte da história e da cultura de seu povo, os despertando para a importância desses elementos. E o ensino de História pode, e deve ser, uma ponte para que isto aconteça da forma mais proveitosa e construtiva possível.

 

De acordo com o site oficial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),

 

“A Educação Patrimonial constitui-se de todos os processos educativos formais e não formais que têm como foco o patrimônio cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão sócio histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação. Considera-se, ainda, que os processos educativos devem primar pela construção coletiva e democrática do conhecimento, por meio da participação efetiva das comunidades detentoras e produtoras das referências culturais, onde convivem diversas noções de patrimônio cultural” (IPHAN, 1979).

 

Nesse sentido, o objetivo deste texto é mostrar como a educação patrimonial no ensino de História contribui para valorização e melhor conhecimento da cultura e história local, evidenciando alguns diálogos entre tais áreas do conhecimento. Ainda de acordo com o IPHAN, quando um grupo de pessoas se reúnem para “construir e dividir conhecimentos, investigar para conhecer melhor, entender e transformar a realidade que as cerca, estão realizando uma ação educativa e quando tudo é feito considerando o patrimônio cultural, trata-se de Educação Patrimonial” (IPHAN, 1979).

 

É indiscutível a importância que o patrimônio artístico e cultural tem para uma sociedade, uma vez que representam elementos primordiais da constituição identitária desses indivíduos e que na grande maioria das vezes, são elementos que fazem parte do seu cotidiano, são objetos, comemorações, construções que estão presentes em suas vivências. A Base Nacional Comum Curricular se referindo aos objetivos do ensino aprendizagem para o Ensino Médio, destaca que

 

“Esses objetivos podem ser melhor alcançados se pensarmos em como as ações educativas são importantes na construção de uma sociedade que valorize seu patrimônio. Primeiro ponto que se deve considerar que são os valores atribuídos por grupos sociais aos objetos, construções, ações e memórias que consideram seu patrimônio” (BNCC, 2018, p.60).

 

A BNCC ressalta também a importância de trabalhar a história local, ao discorrer sobre os conhecimentos e habilidades a serem desenvolvidos na disciplina de história no currículo da Educação Básica, orientando para trabalhar as particularidades da história local atrelada os conteúdos estudados em cada série (BNCC, 2019, p.429).

 

A metodologia da educação patrimonial busca estabelecer relações entre o patrimônio cultural da localidade com sua população, e assim ampliar a compreensão dos vários aspectos que constituem o patrimônio cultural de seu povo. Esse entendimento contribui para a formação de cidadãos conscientes de que preservar seu patrimônio é preservar também a sua história e do seu povo, é acessar memórias que estão presentes em locais que fazem parte de sua vivência, é perceber que esse patrimônio faz parte de sua identidade e da identidade do seu grupo social.

 

As historiadoras Iamara da Silva Viana e Juçara da Silva Barbosa de Mello, ao se referirem ás estratégias pedagógicas para inserção efetiva da educação patrimonial no planejamento didático das escolas, chama atenção para a necessidade e a importância de estabelecer relações entre os conteúdos da disciplina e a educação patrimonial, fazendo com que o aluno perceba as aproximações da história estudada e da história vivida por eles, pois

 

“essa relação favorece a criação de pontos  de contato com o universo cultural dos alunos, permitindo a apreensão significativa de assuntos considerados de difícil compreensão, por sua distância no tempo e no espaço, pois que apropriados pelos discentes a partir de suas referências culturais. Na medida em que tais referências são conhecidas, a memória torna-se refletida, as lembranças se tornam experiências permitindo melhor compreensão da natureza histórica dos acontecimentos, contribuindo na formação cidadã dos educandos” (VIANA;MELLO 2013, p. 50)

 

Construir habilidades junto aos alunos para que tais objetivos sejam alcançados requer que o professor de História seja criativo para despertar nos alunos seu interesse em conhecer os patrimônios que o cercam e que na grande maioria das vezes passam despercebidos por eles. A educação patrimonial oferece inúmeras possibilidades de ampliar a prática docente, e assim promover uma valorização das culturais locais. Neste processo, enquanto profissionais da história, podemos fazer algumas indagações pertinentes e importantes para pensarmos estratégias e refletirmos como podemos trabalhar com tal temática de forma mais proveitosa com nossos alunos, como por exemplo: o que é patrimônio cultural?, qual a importância do patrimônio cultural para um povo?, qual a relação e as conexões que são possíveis estabelecer entre patrimônio cultural e a história local?, como trabalhar com a educação patrimonial em sala de aula?, como o contato com esta temática potencializa o conhecimento sobre o passado?, como relacionar este conhecimento como o presente e a realidade do aluno através dos patrimônios culturais presente no local em que ele vive?, como é possível a partir dessa relação, um ensino de história mais significativo?. Acredito que todas estas questões devem perpassar a prática educativa quando se propõe a trabalhar com o patrimônio cultural, a educação patrimonial e ensino de história.

 

O conceito de patrimônio cultural é bastante amplo e permite explorar os mais diversos elementos que fazem parte da vivência do aluno. De acordo com o IPHAN

 

“O artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como sendo os bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. Nessa redefinição promovida pela Constituição, estão as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico” (PHAN, 1979).

 

Partindo desse conceito, as possibilidades mostram-se inúmeras, e um dos caminhos possíveis é trabalhar a conexão com a história local. A pesquisadora e doutora em educação Flávia Eloisa Caimi (2010) declara que os estudos de história local podem constituir o ponto de partida importante da aprendizagem histórica, uma vez que permitem a abordagem dos contextos mais próximos em que se inserem as relações sociais entre os professores, os estudantes e o meio. Sendo assim, assinala que, nessa perspectiva:

 

“O ensino-aprendizagem da história local configura-se como um espaço-tempo de reflexão crítica acerca da realidade social e, sobretudo, referência para o processo de construção das identidades destes sujeitos e de seus grupos de pertença. [...] os estudos de história local desenvolvem nos alunos a capacidade de analisar criticamente o seu entorno escolar e social, ao mesmo tempo em que cumprem o papel de facilitar a estruturação do pensamento histórico e de lhes fornecer um quadro de referências que os ajude a tomar consciência do lugar que ocupam no processo de evolução” (CAIMI, 2010, p.69).

 

Outro ponto profícuo quando se trata da relação entre a educação patrimonial e a história local, e como esta primeira contribui significativamente para a preservação e reconhecimento do patrimônio histórico local, pois estimula e incentiva o educando a olhar para alguns aspectos e elementos da sua realidade de forma mais construtiva e consciente. Entender que esses elementos do seu cotidiano, como por exemplo um prédio antigo da sua cidade que poderia não fazer sentido para ele que passa ali todo, e que, por meio de uma intervenção educativa passa a ser entendido como um elemento constitutivo da história do seu lugar, do seu povo e consequentemente da sua história.

 

A partir dos pressupostos apresentados, fica evidente que a introdução de uma discussão sobre patrimônio cultural por meio da educação patrimonial no ensino de história, possibilita problematizar pontos que são essenciais para enriquecer este ensino, como por exemplo, discutir esses pontos relativos ao patrimônio diverso que podem nos informar sobre determinada sociedade ou grupos humanos. Tal perspectiva, reforça a importância do contato direto e do conhecimento desse patrimônio por parte dos educandos enfatizando sua contribuição para melhor entendimento da história local.

 

Sendo assim, é interessante apontar um caminho de grande importância quando se propõe trabalhar com a educação patrimonial para a valorização da cultura local: o diálogo com as comunidades. Em monografia sobre a comunidade de São Vicente localizada na cidade de Currais Novos no Rio Grande do Norte, Ludimilla Pereira Nascimento (2015) busca sensibilizar a comunidade local por meio de que visam despertar o pertencimento e a valorização do patrimônio, com o objetivo de “investigar de que formas a Educação Patrimonial auxilia os alunos a compreenderem o sentimento do pertencimento e da valorização cultural” (NASCIMENTO, 2015, p. 6), e para tal buscou proporcionar aos educandos uma experiência de contato direto com o patrimônio cultural da localidade.

 

Tendo por público alvo alunos do 9º ano de duas escolas da comunidade, a autora inicialmente buscou identificar que conhecimentos já tinham sobre o patrimônio de sua comunidade por meio de algumas atividades e posteriormente propôs um roteiro turístico e afim de que os alunos conhecessem alguns pontos turísticos da localidade, evidenciando o porquê eram considerados turísticos. O resultado do “city tour” proposto pela autora, proporcionou um conhecimento de elementos locais e a maior valorização por parte dos alunos e também da comunidade a respeito de elementos que muitas vezes nem conheciam e que estavam presentes no seu dia a dia.

 

Inspirada por este trabalho, destaco a importância da aula de campo como meio de proporcionar o contato direto dos alunos com o patrimônio cultural do espaço em que vivem. A aula de campo consiste em proporcionar que o aluno tenha contato direto com novos ambientes fora da sala de aula, observando os elementos que estão ao seu redor. Muitas vezes o aluno passa todos os dias por prédios históricos, museus, praças públicas que são tombadas, e não percebe que estes elementos são e constituem o patrimônio cultural de sua comunidade e a aula de campo é tida como um meio de despertar esse conhecimento.

 

Nesta perspectiva, é interessante mencionar um trabalho que ilustra muito bem a criatividade no processo de valorização de elementos cotidianos despertando para sua importância para a história local. A dissertação produzida por Aletícia Silva (2018) no Profhistória da UFT, que tem por “tema a educação patrimonial no ensino de História como uma estratégia para promover a aprendizagem histórica, por meio de um processo de valorização da feira livre no Município de Colinas do Tocantins como o espaço de vivência” (SILVA, 2018, p.5), é um bom exemplo de como valorizar o patrimônio local por meio do ensino de história. A feira, um evento comum do cotidiano daquela comunidade foi, por meio de uma ação educativa, convertido em espaço de aprendizagem para que os alunos tivessem contato direto com aquele evento que é um patrimônio daquele grupo, e também da história local, e que está presente de forma tão direta na sua vida.

 

Outra questão pertinente que deve ser ressaltada, é como a educação patrimonial promove um alargamento da sala de aula, e nesse processo alarga também o conhecimento para a História local. Dentro dessa perspectiva de como a educação patrimonial contribui na valorização da cultura e história local, é interessante mencionar o trabalho das professoras Serli Silva e Sônia Marques (2014). As autoras sugeriram a criação de um museu escolar no município de Verê no Paraná, com o objetivo de proporcionar aos alunos um contato direto tanto com a história do município, como com seus personagens, seus vestígios e a herança construída pelos antepassados por meio de um museu na escola, usando processos educativos da educação patrimonial.

 

As ações propostas pelas professoras, “estimularam os discentes a observar, registrar, explorar e apropriar-se, por meio da educação patrimonial, dos instrumentais necessários para conhecer e agir no seu local de vida” (SILVA; MARQUES, 2014, p. 2). É interessante percebermos como a criação de um museu despertou um sentimento de pertença ao fazer com que os alunos se sentissem parte daquela história, tivessem proximidade com elementos da sua cultura, e entendessem sua ligação com os elementos de seu cotidiano que fazem parte de seu patrimônio cultural.

 

Através dessa percepção é possível criar um debate bastante fecundo sobre história local, de forma a orientar e criar atividades junto os alunos para que estes percebam os elementos que estão ao se redor de forma crítica e de forma que se considere o significado que tem aquele prédio, aquela feira, aquela praça, aquele ritual, entre outros. Tal atitude faz com que os educandos observem objetos, ritos, construções presentes no lugar que ocupa, percebendo que fazem parte de sua realidade, do seu cotidiano, despertando assim para sua importância como elementos indispensáveis para a construção da história daquele lugar e da sua identidade, bem como da identidade daquela sociedade, estimulando a busca por conhecimentos que esclareçam a, ou as histórias por trás daquele testemunho do passado.

 

Por meio deste debate, fica evidente a ligação que o patrimônio cultural tem com a vivência das comunidades e este aspecto pode ser explorado para que se construa um conhecimento mais significativo, que se conecte de forma mais direta com a vivência do aluno, e a educação patrimonial pode proporcionar esta conexão, favorecendo uma valorização da cultura e da história local. O contato direto dessas comunidades com elementos culturais que muitas vezes não eram observados e nem considerados por estes sujeitos como patrimônio, são cruciais para a valorização e até mesmo a divulgação de meios de preservação desse patrimônio cultural.

 

Ao nos empenharmos para alcançar um ensino de história mais criativo e significativo, devemos considerar todas as possibilidades de diálogos com diferentes formas de conhecimento, sabendo da importância de estabelecer diálogos com os mais diversos objetos que possam contribuir para construção de um conhecimento mais significativo junto aos alunos. Dentro deste debate outros temas ganham relevância enriquecendo e ampliando o processo de construção do conhecimento histórico como a importância de conhecer e valorizar o patrimônio cultural, a necessidade de voltar-se para a história local despertando assim um sentimento de pertença nos alunos e também nas comunidades. Tudo isto contribui para um ensino de história mais fecundo e significativo que caminha para abraçar a imensa diversidade que constitui nossa sociedade, e estimular o diálogo entre ensino de História e educação patrimonial parece ser um caminho viável e necessário nesta trajetória.

 

Referências biográficas

 

Gerlane do Nascimento Mendes é Licenciada e Bacharelanda em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente é mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

 

Referências bibliográficas

 

ARENDT, Hanna. Entre o passado e o futuroSão Paulo: Perspectiva, 1979.

BRASIL. Ministério da educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília. 2018

 

CAIMI, Flávia Eloisa. Meu lugar na história: de onde eu vejo o mundo? IN____ OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de. Coleção explorando o ensino. V. 21. Brasília: Ministério da educação. 2010

 

GUERRA, Diana Rayssa dos Santos. Aula de campo como método de valorização patrimonial: Um estudo de caso. 2016. 81f. Monografia (Bacharelado) - Curso de Graduação em Turismo, Universidade Federal do Rio Grande do norte, Centro de Ensino Superior do Seridó, Departamento de Ciências Sociais e Humanas, Currais Novos, 2016.

 

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Ação educativa e Educação Patrimonial. 1979. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/343. Acesso em 29 de abril 2021.

 

NASCIMENTO, Ludimilla Lopes Pereira. Educação patrimonial em São Vicente/RN: um estudo sobre o pertencimento e a valorização do patrimônio cultural. 2015. 73f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Turismo), Departamento Ciência Sociais e Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Currais Novos, 2015.

 

SILVA, Aletícia Rocha da. A feira como espaço de Aprendizagem Histórica em Colinas do Tocantins. b142 f. Dissertação (mestrado profissional em História)-Universidade Federal de Tocantins. 2018.

 

SILVA, Serli Salete Cecagno da Silva; MARQUES, Sônia Maria dos santos. Educação Patrimonial e História local: o caso da criação de um museu na escola. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor PDE, 2014. V.1 Curitiba: SEED/PR., 2016.

 

VIANA, Iamara da Silva; MELLO, Juçara da Silva Barbosa de. Educação Patrimonial e Ensino de História: diálogos. Revista Encontros. Ano 11. Nº 20. Rio de Janeiro. 2013.


25 comentários:

  1. Primeiramente, gostaria de dar os parabéns a Gerlane pelo levantamento de bibliografia e pesquisas sobre a temática. Trabalhos realizados nos anos finais do ensino fundamental, no ensino médio e, inclusive, em dissertação, o que se mostra altamente relevante. Minha pergunta é: de que forma o conceito de patrimônio pode ser trabalhado nos anos iniciais do ensino fundamental? Acreditas que é possível abordar este assunto neste nível de ensino?

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    1. Muito obrigada pela pergunta Sandra, e fico feliz em saber que gostou do texto. Acredito ser plenamente possível trabalhar o conceito de patrimônio nos anos iniciais, a forma como será trabalhado que é a questão. Uma forma bastante interessante é pedir que observem os prédios antigos da sua cidade, ou mesmo objetos da sua família que pertenceram a seus antepassados, e assim, iniciar um debate sobre a questão patrimonial partindo desses elementos que fazem parte de sua vivencia. Aliás, o patrimônio, seja material ou imaterial faz parte do cotidiano dos alunos, o que torna mais fácil o trabalho com esse tema, também nos anos iniciais. Na BNCC de História para o 1ªano e 2ª anos do ensino fundamental por exemplo, as unidades temáticas possibilitam várias possibilidades de relacionar os conteúdos estudados com o patrimônio, como por exemplo “meu lugar, meu grupo social, a comunidade e seus registros”, esses eixos podem se relacionar com patrimônios da comunidade, lugares que são tidos como patrimônio, entre outros. Como mencionei no texto, uso o exemplo de uma professora que levou os alunos para visitar uma feira, que era tida como patrimônio imaterial da comunidade, e eles nunca haviam despertado para isso. E, através desse contato se iniciou o debate sobre o tema patrimonial.
      Indico que você dê uma olhada neste plano de aula sobre patrimônio cultural para uma turma de 3º ano do E.F. https://novaescola.org.br/plano-de-aula/5496/o-patrimonio-cultural-da-minha-gente. Espero ter contemplado seu questionamento.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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    2. Muito obrigada pela resposta e, mais uma vez, parabéns pela pesquisa.

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  2. Parabéns pelo texto. Pergunto: vc não acha que deveria existir uma lei obrigando todos os municípios do Brasil a terem o seus arquivos públicos? Obrigado.

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    1. Olá Giovanni, obrigada pela pergunta. Acredito que deveriam existir ações de políticas públicas de incentivo a valorização dos arquivos, bem como ações educativas que mostrassem de forma mais direta e evidente a importância dos arquivos públicos para a história daquela localidade. Há também uma necessidade de capacitar pessoas para saber lidar com os arquivos, de saber e entender suas especificidades e cuidados, acredito que esse seria um primeiro ponto, para assim, ser possível criar leis obrigando os municípios a terem seus arquivos. Alem do mais, muitos municípios já possuem seus arquivos, que infelizmente não são organizados de forma adequada, ou mesmo não lhes dão seu devido valor.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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  3. Parabéns pelo texto. Pergunto: vc não acha que deveria existir uma lei obrigando todos os municípios do Brasil a terem o seus arquivos públicos? Obrigado.

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    1. Olá Giovanni, obrigada pela pergunta. Acredito que deveriam existir ações de políticas públicas de incentivo a valorização dos arquivos, bem como ações educativas que mostrassem de forma mais direta e evidente a importância dos arquivos públicos para a história daquela localidade. Há também uma necessidade de capacitar pessoas para saber lidar com os arquivos, de saber e entender suas especificidades e cuidados, acredito que esse seria um primeiro ponto, para assim, ser possível criar leis obrigando os municípios a terem seus arquivos. Alem do mais, muitos municípios já possuem seus arquivos, que infelizmente não são organizados de forma adequada, ou mesmo não lhes dão seu devido valor.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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  4. Boa tarde! Excelente texto!
    Quais fatores/requisitos são considerados os mais relevantes para que ocorra uma efetiva adoção da Educação Patrimonial na estrutura curricular das escolas? Obrigado pela atenção desde já.
    Vinicius Machado Papini Pinheiro

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    1. Olá Vinicius, obrigada pela pergunta e fico bem feliz que tenha gostado do texto. Um primeiro passo para a adoção da educação patrimonial na estrutura curricular da escola, é que deve haver a percepção por parte dos professores sobre a importância desse tema para que se compreenda melhor alguns conteúdos estudados na disciplina, e assim, buscar promover uma atividade interdisciplinar com outras áreas do conhecimento por exemplo. Outra questão, é que, é muito importante saber dialogar com os eixos temáticos que estão na BNCC e levar o debate sobre patrimônio para sala de aula, aliás é um elemento que faz parte do cotidiano dos alunos e de toda comunidade escolar.
      Existem orientações bastante interessantes sobre a educação patrimonial do site do IPHAN que abordam sobre como pode-se trabalhar tal tema na escola o inserindo de forma construtiva na estrutura curricular, além de outros trabalhos que orientam sobre como trabalhar com o tema na sala de aula, presentes no site da nova escola.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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  5. Parabéns pelo texto. A educação patrimonial como bem salientado no texto é um caminho profícuo para se valorizar e preservar importantes elementos para a cultura de uma determinada localidade. Mas gostaria que comentasse
    como evitar que a educação patrimonial seja trabalhada em sala de aula somente como uma instância que valorize a preservação e não a interação com o cotidiano da comunidade e consequentemente do aluno .

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    1. Olá Cibele, obrigada pela questão bastante interessante. Acredito que no momento em que o professor se dispõe a trabalhar a questão do patrimônio por meio da educação patrimonial, ele deve saber a relação que precisa ser estabelecida com o cotidiano do aluno, gerando essa interação com sua vivência. Penso que tudo depende da forma que o professor conduz a sua aula, e nesse caso, deve ser conduzida a primeiro discutir a importância do patrimônio, depois como ele está presente no cotidiano do aluno de diversas formas, e para assim, despertar para a importância e necessidade de valorização desse patrimônio tão importante para sua história e de sua localidade.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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  6. Parabéns pelo texto. A educação patrimonial como bem salientado no texto é um caminho profícuo para se valorizar e preservar importantes elementos para a cultura de uma determinada localidade. Mas gostaria que comentasse
    como evitar que a educação patrimonial seja trabalhada em sala de aula somente como uma instância que valorize a preservação e não a interação com o cotidiano da comunidade e consequentemente do aluno. Cibele Viana

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    1. Olá Cibele, obrigada pela questão bastante interessante. Acredito que no momento em que o professor se dispõe a trabalhar a questão do patrimônio por meio da educação patrimonial, ele deve saber a relação que precisa ser estabelecida com o cotidiano do aluno, gerando essa interação com sua vivência. Penso que tudo depende da forma que o professor conduz a sua aula, e nesse caso, deve ser conduzida a primeiro discutir a importância do patrimônio, depois como ele está presente no cotidiano do aluno de diversas formas, e para assim, despertar para a importância e necessidade de valorização desse patrimônio tão importante para sua história e de sua localidade.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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  7. parabenizo á autora pelo seu trabalho. Eu sou professora universitaria e trabalho numa área onde estudar o tema de patrimonio é necesassario más dificil: historia do desing. Para isto, formulei um exercicio que gostaría de compartilhar com voce, e que está publicado no libro do simpohis do 2017: https://drive.google.com/file/d/0B8GOZKHdcSXjTmo3STVnUjRwd00/view, intitulado PROPOSTA DIDÁTICA DE ENSINO DE HISTÓRIA DO DESING E DO PATRIMÔNIO
    ARQUITETÔNICO NA CIDADE DE MEDELLÍN, COLÔMBIA: USO DAS SELFIES E O
    FACEBOOK COMO FERRAMENTA DE APROPRIAÇÃO PATRIMONIAL pg.423

    MARIA ISABEL GIRALDO VASQUEZ

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    1. Muito obrigada pela dica de leitura Maria Isabel, a lerei muito brevemente. E parabéns pelo trabalho.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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  8. Olá Gabriel, muito obrigada pela pergunta e pela parabenização.
    Acredito que a história local pode e deve relaciona-se sim com outros espaços, pois sabemos que, temos uma realidade local, que insere-se e um espaço nacional, que por sua vez faz parte de um contexto mais amplo, se situando no espaço global. Sendo assim, é interessante trabalhar com o local, o entendendo dentro de um contexto mais amplo, e discutir a questão do patrimônio pode ser um debate profícuo para que se problematize esses vínculos de forma bastante produtiva e evidente. Espero que tenha contemplado seu questionamento, pois não sei se entendi bem sua pergunta.

    Gerlane do Nascimento Mendes

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  10. Geralmente, o ensino de história não apresenta uma discussão sobre a questão do patrimônio em sala de aula. Nesse contexto, a educação patrimonial contribuiu para um ensino de história que considera o patrimônio cultural de uma determinada localidade. Diante disso, museus, teatros, bosques e edifícios, por exemplo, configuram como elementos que possibilitam a construção da identidade e da memória em sala de aula. Entretanto, de que forma os professores de história podem ampliar a noção de patrimônio entre os alunos da escola, levando em consideração as praças e os mercados, por exemplo, de seus bairros de residência?

    Maurício José Quaresma Silva

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    1. Olá Maurício, obrigada pela pergunta e pelas colocações extremamente pertinentes. É preciso que o professor mostre que o patrimônio é algo que faz parte do cotidiano do aluno, que não é algo distante, mas algo próximo, que está na sua rua, na praça que costuma ir, no mercado, ou mesmo na feira como mencionei no texto. O trabalho da professora Aletícia Silva, é um bom exemplo de como ampliar a noção de patrimônio aproximando o aluno para o trabalho com esse conceito, pois ela usou o conceito de patrimônio por meio da educação patrimonial como uma estratégia para promover a aprendizagem histórica, por meio de um processo de valorização da feira livre no Município de Colinas do Tocantins como o espaço de vivência. Ela mostrou como a feira, um evento comum do cotidiano daquela comunidade foi, por meio de uma ação educativa, converteu essa feira em espaço de aprendizagem para que os alunos tivessem contato com aquele elemento que está presente de forma tão direta na sua vida, e que é um patrimônio.
      Da mesma forma podemos seguir esse exemplo para trabalhar com os mercados e praças como você mencionou.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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  11. André Luiz Garrido Barbosa27 de maio de 2021 às 11:36

    Bom dia Gerlane ! Parabéns pelo seu texto. Ao ler o mesmo pensei em diversas conexões pertinentes com a minha prática docente no cotidiano escolar. Trabalhar história local com os alunos é sempre muito profícuo e estimulante, pois os mesmos percebem que a história não está restrita aos livros didáticos ou a figura do professor em sala de aula e sim presente também eu seu cotidiano. Gostaria que você comentasse, como enfrentarmos o desafio de cumprirmos um currículo tão extenso e com uma carga horária tão escassa no meio escolar e ao mesmo tempo potencializarmos em meio a essa problemática elementos que possam trabalhar o ensino de história local e a história patrimonial no cotidiano escolar ?

    Atenciosamente.
    André Luiz Garrido Barbosa

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    1. Olá André! Muito obrigada pela pergunta e pela parabenização. De fato, a carga horária se torna insuficiente diante de uma estrutura curricular tão extensa e que precisamos dar conta, mas, acredito que muitos assuntos que abordamos nas diferentes séries, podemos introduzir o debate sobre patrimônio e mesmo realizar atividades de educação patrimonial em diálogo com o assunto estudado, trabalhando tais temas dentro da carga horária da disciplina. A questão é saber estabelecer as conexões, saber estabelecer o diálogo. Por exemplo, ao estudar o período do Brasil republicano, podemos problematizar os espaços remanescentes desse momento histórico e que estão presentes até hoje no cotidiano dos alunos, da cidade, e muitas vezes da própria escola e que são tidos como patrimônio, como uma praça que leva o nome de um dos presidentes. E assim iniciar um debate de porque este espaço é considerado um patrimônio, ai estaremos mobilizando um aspecto da história local, e a temática ligada ao patrimônio.
      Espero ter respondido seu questionamento.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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  12. Gerlane, agradeço pelo envio de seu trabalho. Uma pesquisa importante para discutir patrimônio, ensino e história local. abraços

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    1. Olá Jaqueline! Fico imensamente feliz de poder contribuir de alguma forma com esse debate tão importante e necessário.
      Abraços!

      Gerlane do Nascimentos Mendes

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