Eduardo Augusto de Santana

CULTURA MATERIAL PARA ALÉM DA PEDRA E CAL: OS LUGARES DE PODER E DISTINÇÃO SOCIAL, DO MUNDO AÇUCAREIRO, REPRESENTADOS ATRAVÉS DO MODO DE IMPLANTAÇÃO E ASPECTOS ARQUITETÔNICOS DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS OUTEIROS DE IPOJUCA

  

Este trabalho parte do pressuposto de que as construções feitas para abrigar e representar materialmente as instituições da sociedade colonial açucareira se configuram como símbolos e receptáculos do poder da elite agrária e cujo entendimento de poder era compartilhado pelo conjunto da sociedade em sua volta. Sendo, portanto, representatividade de uma autoridade vigilante e perceptível por meio daquelas construções. Assim, essa cultura material tinha a função social e simbólica de legitimá-la e o dar a conhecer ao conjunto da sociedade, ou seja, se transfiguravam em imagens representativas de um poder que se materializa antes dominados e dominadores (Bourdieu, 2007. p. 1-16).

 

A discussão aqui proposta irá se desenrolar a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da história sociocultural. Em sua ampla concepção de fontes, problemáticas e objetos de pesquisa. Tomando-se, através desta narrativa, a cultura material enquanto documento-monumento. Dialogando, portanto, com discussões trazidas pelo (LE GOFF, 2012. p. 509-512). Sendo a sua análise referenciada, por meio do processo de colonização e implantação dos engenhos açucareiros na costa Sul pernambucana nos primeiros séculos de colonização. Para tanto, com vistas ao enriquecimento teórico desta discussão insere-se nesta narrativa alguns norteadores teóricos e metodológicos tomados de empréstimo da eloquente obra: “O poder Simbólico” de Pierre Bourdieu; a obra: “História & História Cultural” da Sandra Jatahy Pesavento; Peter Burke em “A cultura material na obra de Gilberto Freyre”; Marcelo Rede em “História e Cultura Material; José de Assunção Barros em “Fontes Histórica” e, por fim, a obra “História e Memória” do Jacques Le Goff cujas discussões, assim como as demais, estão diluídas ao longo deste texto. Sendo, cada uma desses textos, basilares para análise aqui proposta e o próprio desenvolvimento do texto.

 

Sandra Pesavento (2014, p.70), diz que a história cultural dá a oportunidade de discutir e colocar em foco a relação entre o discurso e o real como forma de se obter a compreensão a respeito das relações possíveis entre a representação narrativa e o seu referente. Assim, partindo dos pressupostos oferecidos que a história cultural nos mostra a importância de se desvelar as representações individuais e coletivas, que as pessoas constroem sobre o mundo. A esse respeito o estudo da pedra e cal, por exemplo, por meio da análise de uma capela colonial, pode ser entendida como uma representatividade de uma série de relações socioculturais que só através do entendimento da sua imbricada interconexão simbólica com a sociedade e cultura que a legítima simbolicamente e a torna inteligível ao conjunto da sociedade e ao sistema dominante permite vislumbrar as referências socioculturais nela presente.

 

O entendimento a respeito de algumas considerações, referentes à materialidade, oferecidas pela história sociocultural demonstram que a cultura material é caracterizada enquanto reflexo de um sistema de pensamentos na medida em que ela é gerada a partir de um processo posto em curso pelo homem em um determinado período histórico e recorte geográfico específico. Reforçando esta afirmação Peter Burke (ARAUJO; FALCAL, 2001. p. 68) comenta a esse respeito que “não seria possível uma história da vida cotidiana sem as evidências da cultura material, assim como a história da cultura material seria ininteligível se esta não fosse colocada no contexto da vida cotidiana”.

Segundo comenta (REDE, 2012. p. 133-137):

 

“(...) os historiadores desprezaram ou falharam em considerar adequadamente as articulações entre a vida social e a materialidade, e, apesar de sua grande diversidade, raramente as teorias acerca da experiência histórica reconheceram a importância da dimensão material da existência humana. Em segundo lugar, a historiografia foi tímida ou totalmente inapta em incorporar as fontes materiais ao seu processo de geração de conhecimento”.

 

A exposição anterior é pertinente na medida em que contribui para discutir a respeito da confrontação entre os estudos a respeito da cultura material, do espaço e do entendimento de suas relações com o contexto social em que se inserem. O texto ajuda a pensar a respeito dos sentidos conferidos à dimensão material, dos vestígios produzidos em outras épocas, pela sociedade que deles se utilizavam. Além do que, demonstra de uma vez por todas que são os agrupamentos humanos que elaboram e dá sentido a argamassa que permite conferir uma cadeia de sentidos a essa cultura social, indicando, ainda, que esses sentidos podem variar de acordo com o espaço, o momento histórico e as múltiplas conjunturas em que a cultura material se constituiu e insere-se.

 

Infere-se desta maneira que o momento vivido, pelas gerações passadas e registrado por meio da materialidade sob as diversas formas e signos, em seus múltiplos sentidos conferidos pelas esferas sociais e culturais são basilares para empreender a leitura que uma dada sociedade tem de si mesma. Tomando como suporte as considerações tecidas até o momento, pode-se perceber que a inter-relação entre a cultura material, enquanto natureza discursiva, e a preocupação com os fenômenos simbólicos que a tornam inteligível dentro da cultura em que se insere, é de suma importância para as pesquisas voltadas para o campo da materialidade e / ou patrimônio a partir de suas ramificações sociais e culturais.

 

Para que se possa compreender a relação da cultura material com a sua época, penso ser importante relacioná-la com os contextos e conjunturas históricas que possibilitaram a sua existência física. No entanto, tendo em vista que o recorte geográfico em que este texto se debruça é o cenário da mata Sul pernambucana, é importante dizer, que ao longo das conquista e consolidação da empresa colonial naquela região, a riqueza advinda do açúcar permitiu que houvesse um acúmulo de capitais financeiros e simbólicos que foram essenciais para a implantação de toda uma monumentalidade arquitetônica naquela área.

 

Essa afluição de recursos e insumos demonstra o enriquecimento vivenciado pelas vilas, freguesias e povoados açucareiros daquela região. Além do que, nos dar mais elementos para discutir as relações sociais que determinavam e eram endossadas por meio das representações simbólicas das construções típicas do período. Decorrendo daí, obviamente, a importância da compreensão dos modos pelos quais as relações sociais de poder se organizavam em torno daquelas construções erguidas nas vilas e, sobretudo, nos engenhos açucareiros.

 

No que se refere a utilização da cultura material enquanto objeto e fontes pesquisa, de acordo, com o José de D’ Assunção Barros (BARROS, 2012, p. 130-131), “tudo aquilo que, produzido pelo homem ou trazendo vestígios de sua interferência, pode nos proporcionar um acesso à compreensão do passado humano”. Em outro momento, o autor se refere aos diversos tipos fontes disponíveis para aqueles que fazem uso da cultura material enquanto fonte de pesquisa, ao dizer que:

 

“Incluem-se como possibilidades documentais desde os vestígios arqueológicos e outras fontes de cultura material (a arquitetura de um prédio, uma igreja, as ruas de uma cidade, monumentos, cerâmicas, utensílios da vida cotidiana) até representações pictóricas e fontes da cultura oral (testemunhos colhidos ou provocados pelo historiador”.

 

Importa dizer que os norteadores teóricos da história sociocultural, ao mesmo tempo em que abrem um leque de possibilidades quanto ao uso dos mais variados tipos de fontes, também evidenciam a imensa responsabilidade quanto ao uso e correto emprego das metodologias adequadas para a pesquisa exploratória desses recursos. Todavia, apesar de ser bastante desafiador, o resultado do emprego dessas novas fontes e objetos produzem resultados bastante significativos para as novas pesquisas surgidas nesse campo. Ainda sobre isso, Gilberto Freyre (1932. p. 82) faz uma observação, bastante pertinente que pode muito bem se dialogar com a a problemática da cultura material a partir do instante que o autor faz a seguinte colocação:

 

“Há casas cujas fachadas indicam todo o gênero de vida dos seus moradores. Os mais íntimos pormenores, os gostos, os hábitos, as tendências. Mas não são apenas as casas que falam e revelam a vida, o espírito e o gosto dos donos. Falam também por sinais esses outros surdos-mudos que são os móveis”

 

Ainda a respeito dessa materialidade, aqui novamente exemplificando a capela (LEE GOFF, 2012. p. 519-522) observar que o que transfigura o documento em monumento, é justamente a sua relação e utilização pelo poder. Desta maneira, a sua transfiguração em monumento está nos usos que lhe era dado em uma dada conjuntura histórica, social e cultural. Por assim dizer, essa monumentalidade é tomada por nós como documento na medida em que os historiadores entendem que ele em si é um produto da sociedade que o fabricou “segundo as relações de forças que aí detinham o poder”. Sendo assim, o autor nos permite concluir que é só a partir do entendimento da sua relação com o poder que se pode analisar esse documento, do passado, enquanto monumento. Dando assim, a oportunidade de trazê-lo dentro da construção de sua narrativa histórica.

 

A cultura material de um determinado período histórico nos dá a possibilidade de elucidar diversos questionamentos do passado a partir das possibilidades de pesquisa que ela oferece.  A esse respeito, (PESAVENTO, 2014. p. 96) nos conta que o espectro de fontes se revela quase infinito (...). Nessa medida tudo pode vir a tornar-se fonte ou documento para a história, dependendo da pergunta que seja formulada. Portanto, toda sorte de materialidade resultante de um processo de construção e acumulação história se torna uma possível fonte. Por este entendimento, a pedra e cal se configuram em um nicho de pesquisa privilegiada dentro da história sociocultural

 

Com vistas a endossa e exemplificar a hipótese teórica aqui levantada trago como exemplo para estudo de caso a capela de nossa senhora da conceição dos Outeiros de Ipojuca cuja representatividade religiosa, cultura e política permitem vislumbrar a importância que tais construções detinham para o ordenamento daquela sociedade no passado. Sendo aquela construção uma representante de um tipo de poder, o religioso, que detinha diversas funções dentro daquela sociedade. Figurando, a partir desta leitura, como uma representação materialização, na pedra e cal, do poder de uma minoria branca e invasora que busca concentrar em suas mãos o controle sociocultural da colônia.

 

Para facilitar o entendimento do leitor, é importante tecer alguns apontamentos a respeito dos templos religiosos da mata Sul pernambucana, pois se configuram em tipos arquitetônicos que em seu tempo melhor poderiam demonstrar, – em razão dos materiais e tipos construtivos neles empregados, o rápido desenvolvimento econômico daquela região. Assim, logo após as campanhas de conquista diversas igrejas, conventos, ermidas, capelas e obras similares foram erguidas ao longo do período colonial. Entretanto, serão as capelas, o mais simples e menos adornado dos templos religiosos da época que irá se sobressair.

 

Elas devem ser entendidas como elementos representativos de valores culturais / civilizatórios que aquele sujeito representa. Entenda-se, pois, que todas as ações do sujeito registradas naquelas construções (adornos, cantaria, símbolos religiosos entre outros) são, portanto derivados dos valores culturais que o sujeito carrega consigo. As práticas culturais, materializadas através das marcas culturais deixadas nesses tipos construtivos, podem nos indicar quais eram os valores culturais que o sujeito responsável pela construção, reforma ou embelezamento daquela construção trazia consigo. Permitindo, assim, empreender uma análise a respeito das mentalidades e atmosfera cultural daquela época.

 

As capelas foram os tipos construíram que se sobressaíram naquela paisagem, pois conforme defendeu a antropóloga Fátima Quintas (2007. p. 89-122), embora fossem elas pequenas, simples e rusticamente construídas, a capela se sobressaiu, dentro do mundo dos engenhos, justamente por fazer parte do dia a dia dos de todos que estavam inseridos naquela paisagem. Aqueles templos, até certa medida, eram cruciais para a legitimação das diferenças e privilégios de alguns grupos sociais e / ou étnicos sobre outros.

 

E aí, trazendo algumas reflexões tomadas de empréstimos do sociólogo Pierre Bourdieu (2011. p. 9-16), é imperativo dizer que a importância simbólica das capelas de engenho era tão contumaz que, na ocasião da botada – primeiro dia da moagem da cana – lá se postava o padre para que tudo corresse conforme o esperado no eito, ou seja, para que os trabalhos ocorressem sem qualquer anormalidade e a produção gerasse um bom lucro ao senhor. Nada se fazia sem antes se sacralizar o profano. O mundo pensava-se, estava cheio de maus-olhados. Segundo a cultura religiosa da época, com o deus cristão como patrono, o trabalho tinha garantias de sucesso. Garantido, assim, largos cabedais financistas deste empreendimento.

 

Visando esclarecer a relação entre esse tipo construtivo e a teoria de dominação formulada pelo Bourdieu, e se utilizando da fala do próprio autor, esclarece que os chamados “sistemas simbólicos”, enquanto instrumentos de conhecimento e dominação só exercem o seu poder na medida em que são estruturados. Eles são inteligíveis aqueles que comungam circulam dentro de um mesmo sistema cultural em que dado poder se faz representar. Assim sendo, o poder simbólico é um poder de construção da realidade que tende a estabelecer uma ordem. Ou uma hierarquia de sentidos para o mundo, mas que dialogue com a ordem estabelecida e não há contrarie. E é justamente por isso que o autor defende que o poder simbólico oferta um sentido imediato de mundo social.

 

Dentro dessa lógica discutida acima passamos a compreender o motivo pelo qual as capelas eram geralmente instaladas no mesmo nível de local de construção das casas-grandes, sinalizado que esses templos eram também responsáveis pelo ordenamento social, através da legitimação da ordem estabelecida por meio do discurso religioso que agia de acordo os interesses dos grupos dominantes. Portanto, juntamente com a casa-grande, a capela de engenho era crucial para a configuração, legitimação e estabelecimento dos poderes políticos e religiosos que se associavam no espaço físico dessas unidades produtoras.

 

Ainda no final do XVIII e, sobretudo, no decorrer do século XIX, esse “culto” à memória dos mortos encontrará a sua justificativa no fato de que as antigas famílias senhoriais estarem perdendo o prestígio socioeconômico que possuíam no passado; ou porque os mortos contabilizavam brasões denotativos que ainda lhes rendiam algum prestígio social; ou, ainda, porque os mortos representavam posições sociais que começavam a ruir. Na família patriarcal, a interação deu-se tão forte que os mortos ganharam a forma de fantasma, assombração que se personificavam para alimentar a lembrança dos tempos de outrora

 

A personificação simbólica desse tipo construtivo se mostrava de maneira tão incisiva naqueles espaços que dentre as pessoas contratadas para o serviço do engenho, o capelão era, talvez, o mais importante dos colabores livres a serviço do senhor de engenho. A esse (ANTONIL, 1982. p. 81) comenta que:

 

“A que se há encomendar o ensino de tudo o que pertence a vida cristã, para desta sorte satisfazer à maior das obrigações que tem, a qual é doutrinar ou mandar doutrinar a família e escravos (...) entenda que este será o melhor dinheiro que se dará em boas mãos”.

 

A capela abaixo, aqui utilizada para estudo de caso, é conhecida como capela de Nossa Senhora da Conceição poderia ser classificada de acordo com o método adotado ((GOMES, 1997. p. 221) como pertencente ao Grupo II-A que constitui se de capelas com a seguinte característica: “possuem uma só galeria, que serve essencialmente para cobrir a escada de acesso ao coro”. O templo está inserido numa área conhecida como Oiteiros de Maracaípe e está vinculado, ao menos, desde o século XVII ao convento de Santo Antônio em Ipojuca. Entretanto, a construção atual é datada de 1780.

 

Importa reafirmar que pela tipologia apresentada e o modo pelo qual a construção acima se insere na paisagem rural da região e o seu emprego neste texto visa reforçar a tese, aqui levantada, de que aqueles elementos tinham a clara função de força o sistema de poder e dominação dos grupos detentores de poder da época. Portanto em razão de sua imbricada relação com a sociedade da época, se configura em um importante exemplar da monumentalidade simbólica do sistema de dominação que durante séculos operou na região com vistas à legitimação da ordem social estabelecida.

 

Imagem 1 - Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Oiteiros de Ipojuca/PE (Século XVIII)

Fonte: Laboratório de Arqueologia da UFRPE, 2014 / Foto: Eduardo Santana

 

A capela de engenho associava-se, portanto, a outros tipos construtivos do período, no ordenamento daquela sociedade, uma vez que eram percebidos como representantes materiais de um poder maior a que todos estavam sujeitos. Ajudando a moldar o tipo de sociedade que os grupos dominantes almejavam fomentar, uma vez que era mais um instrumento que ajuda a delimitar o espaço em que cada indivíduo deveria transitar naquela sociedade. Estando, assim como outras construções da época, associada aos interesses das elites e instituições do mundo do açúcar, haja vista que garantia a manutenção estabelecida.

 

Esse modelo de sociedade implementada, no passado, traz consigo muitos aspectos da cultura ibérica, indicando que havia uma espécie de uma incorporação desta cultura barroca no cotidiano da colônia. Tomando como referência, para tanto, a ressignificação das hierarquias sociais então em voga na metrópole. A esse respeito (SILVA, 2010. p. 71) comenta que “o imaginário barroco tentava ordenar o mundo, classificando e organizando tudo – inclusive os tipos humanos – hierarquias”.

 

Assim o modo de implantação de determinada construção, naquele tipo de sociedade, foi uma das maneiras utilizadas para representar as hierarquias socioculturais presentes no imaginário do mundo barroco ibérico. E que, por sua vez, acabaram sendo incorporados na colônia, pela elite coloniais ali estabelecidas, com vistas a atender aos interesses dos grupos e instituições que de fato ditavam as regras. Se admitimos que a sociedade colonial era uma sociedade de ordens, de distinção, de ordenamentos e de favores, também se deve considerar que ela era um espaço onde os símbolos ligados a grupos e espaços de poder, distinguiam e situam o sujeito dentro do espaço que ele deveria ocupar no seu interior. E isso, fazia com que os grupos que se destacavam pudessem contabilizar e fazer uso em benefício próprio de símbolos distintivos que pudessem favorecer a manutenção da ordem social que lhes favorecia.

 

Dessa forma, fossem construídas nas áreas urbanas ou rurais, da mata Sul pernambucana – ou em qualquer outro espaço do mundo açucareiro –, se configuraram como representantes de um poder econômico, político, religioso cujas representações simbólicas tinham a clara função de alinhar aquela sociedade aos interesses dos grupos dominantes. Todos eles faziam parte de um jogo simbólico de uma sociedade hierarquizada e ritualizada, em que cada um deles representava, reforçava e impunha uma relação de poder. Nessa atmosfera sociocultural, os grupos e instâncias de poder político, econômico e religioso se associavam, no intuito de garantir o ordenamento daquele espaço colonial e a manutenção dos seus interesses enquanto grupos dominantes. Eram eles os reais detentores do poder e balizadores das regras sociais que asseguram a dominação por parte de uma minoria branca e abastada.

 

Referências Bibliográficas

 

Eduardo Augusto de Santana, doutorando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura Regional da UFRPE. Especialista em Gestão e Tutoria em Educação a Distância (FACIGMA). Professor pesquisador I do curso de Licenciatura em História, na modalidade EaD, da UFRPE e professor Pesquisador e Conteudista do Curso Técnico Profissionalizante de Multimeios Didáticos do Mediotec, na modalidade EaD, da Secretaria de Educação de Pernambuco. Pesquisador Associado I do Instituto de Estudos da África IEAf-UFPE. Atua também como integrante do Corpo Editorial da Editora Mnemosine e da Editora Típica. E-mail: historiador.eduardosantana@gmail.com

Lattes: http://lattes.cnpq.br/1097814777267022

 

Referências Bibliográficas

 

ANTONIL, André João, 1649 ou 50-1716. Cultura e opulência do Brasil. 3. ed. Belo Horizonte: Ed Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1982. Edição facsimilar.

 

BARROS, José D’ Assunção. Fontes Históricas: revisitando alguns aspectos primordiais para a Pesquisa Histórica. In: Mouseion, n. 12, mai-ago/2012

 

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 11ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

 

BURKE, Peter. A cultura material na obra de Gilberto Freyre. In: FALCÃO, Joaquim; ARAÚJO, Rosa Maria Barboza de. [Orgs.]. O imperador das idéiasRio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho/Topbooks, 2001.

 

FREYRE, Gilberto. Artigos de jornal. Recife: Edições Mozart, 1935.

 

LEE GOFF, Jacques. História e Memória. 6ª ed. Campinas, São Paulo: Editora da Unicamp, 2012.

 

GOMES. Geraldo. Engenho e Arquitetura. Recife: Fundação Gilberto Freyre, 1997.

 

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 3ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014.

 

QUINTAS Fátima. Cana, Engenho e Açúcar. QUINTAS, Fátima (Org.). A civilização do açúcar. Recife: Sebrae; Fundação Gilberto Freyre, 2007.

 

REDE, Marcelo. História e cultura material. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; RUSSEL-WOOD, A. J. R. Escravos e Libertos no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

 

SILVA, Kalina Vanderlei. Nas solidões vastas e assustadoras: a conquista do sertão de Pernambuco pelas vilas açucareiras nos séculos XVII e XVIII. Recife: Cepe, 2010.

5 comentários:

  1. Olá pessoal, bom dia.

    Vamos construir colaborativamente um maior entendimento sobre a temática abordada no texto acima?

    Vamos nessa...

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  2. Boa noite. Belo trabalho. Agora, e os escravos? tinham uma capela própria? Obrigado Marlon Barcelos Ferreira

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    1. Boa tarde, Marlon.

      A pesquisas e a historiografia sobre o tema, indicam que não, no melhor das possibilidades, de acordo os relatos da época, podiam assistir as missas do lado de fora do templo. Em outras situações poderiam desenvolver as suas práticas religiosas ancestrais de maneira velada e com bastante discrição para evitar sofrer alguma penalidade. Em situações, bem específica, conseguiam se organizar e fazer uma igreja, geralmente dedicada a Nossa Senhora do Rosário dos Homens pretos.

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  3. Eduardo. Parabéns pelo seu trabalho. Penso que nos traz importantes reflexões sobre a cultura e educação patrimonial. abraços

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    1. Olá Jaqueline, boa tarde.

      Agradeço a sua fala, pois a ideia era justamente discutir a importância do ensino de história através da educação patrimônio através de uma perspectiva freiriana de alfabetização cultural do sujeito. Buscando, assim, traçar estratégias para o fomento da formação crítica do sujeito por meio do estudo da cultura material.

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