Luana Nunes Martins de Lima

CARTOGRAFIA PARTICIPATIVA E COLABORATIVA DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE ITAPURANGA (GOIÁS): UMA PROPOSTA PRELIMINAR

 

Introdução

 

Este artigo faz parte dos resultados preliminares do projeto em desenvolvimento intitulado “Cartografia colaborativa e afetiva do patrimônio cultural urbano: por uma geografia da visibilidade”, cuja proposta é lançar luz sobre o patrimônio cultural não reconhecido por órgãos de preservação institucionais. Para tanto, elegemos em primeiro momento a cidade de Itapuranga, Goiás, que, assim como outras cidades do interior goiano, enfrenta desafios na preservação de seu patrimônio cultural.

 

O objetivo principal da pesquisa é desenvolver uma cartografia participativa e colaborativa, identificando e mapeando os bens que compõem o patrimônio cultural da cidade. Esse mapeamento possibilitará compreender a dinâmica do patrimônio cultural com base na compreensão dos usos e valores dos moradores.

 

A metodologia empregada desvelará o sentido de “lugar” e a memória que emerge das relações sociais, dos símbolos, das lembranças e das experiências vividas na totalidade da cidade. Assim, pretendemos compilar, através de fontes orais e registros locais, um banco de dados sobre elementos, práticas, lugares e sujeitos que são referências da cultura de Itapuranga. E ao final, desenvolver produtos finais gráficos e audiovisuais que possam demonstrar as etapas do processo do mapeamento do patrimônio cultural local, bem como dar voz aos sujeitos cujas memórias e narrativas fizeram parte dessa construção.

 

A primeira etapa da pesquisa consiste na revisão bibliográfica. Este projeto está situado em uma rede de intertextualidades, a partir do diálogo entre os conceitos de lugar, memória e patrimônio, cartografia (participativa, social, colaborativa, entre outras) e educação patrimonial.

 

Como parte da coleta de dados, propomos a realização do que intitulamos como “Oficinas da Memória”, que envolve um “saber fazer” local a ser reintroduzido ou fortalecido entre os moradores, como a arte das fiandeiras locais, apresentação de grupos tradicionais ou a produção de alguma culinária típica.

 

A primeira Oficina foi realizada em outubro de 2019 com alunos do 2º Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual de Itapuranga (CEITA) e Dona Generosa, uma artesã, fiandeira e fundadora da feira do produtor de Itapuranga, que concedeu aos participantes um relato de vida e da história local. Durante a oficina buscamos desenvolver coletivamente o levantamento dos bens culturais locais, categorizados com base na proposta do Manual de Aplicação de Inventários Participativos do IPHAN (2016) da seguinte forma: 1) Lugares; 2) Saberes; 3) Edificações e monumentos; 4) Artes e artesanatos; 5) Festas e celebrações; 6) Sujeitos; 7) Eventos; 8) Objetos.

 

A segunda etapa da coleta de dados foi elaborada como metodologia alternativa em decorrência da atual situação de emergência sanitária da COVID-19. Trata-se do que aqui entendemos como “cartografia colaborativa”, uma vez que não foi possível a participação presencial dos sujeitos por meio de oficinas. Alguns perfis públicos em redes sociais foram selecionados para o levantamento dos bens culturais identificados pelos próprios moradores, e para formular, a partir disso, novas leituras sobre o patrimônio local.

 

Outra etapa prevista para o projeto é o registro cuidadoso das narrativas, dos saberes e dos fazeres, de forma que evidencie também os dilemas existentes no processo de apropriação dos moradores de seu próprio patrimônio. Esta etapa requer o uso de câmera de vídeo e fotográfica, gravação de entrevistas; e foi apenas parcialmente desenvolvida, dado o contexto da pandemia do Corona Vírus e do distanciamento social. Até o momento, foram realizadas três entrevistas com moradores que foram citados como referências culturais no município. 

 

As memórias identificadas e narrativas obtidas integrarão a criação de uma cartografia colaborativa e participativa resultante do diálogo com o território mapeado: uma representação do patrimônio cultural e da memória coletiva. Estes elementos serão aglutinados para uma produção cartográfica em software de geoprocessamento, na qual cada item será georreferenciado e contemplado no “Mapa do Patrimônio Cultural de Itapuranga”.

 

Preliminarmente, este artigo visa desenvolver uma discussão que aponte para o “lugar” enquanto categoria de análise e as possibilidades da cartografia para representação da memória e do patrimônio cultural. Além disso, apresenta o levantamento inicial realizado a partir das metodologias propostas.

 

Uma reflexão sobre o “lugar” e a representação cartográfica para pensar o patrimônio cultural

 

O conceito de lugar como reflexão geográfica não é gratuito. Entre os temas principais dos filósofos fenomenologistas está a relação ontológica ser-lugar, na qual aprofundam o sentido de lugar, vinculado de várias formas à paisagem e ao território, enquanto essência da experiência geográfica (ser-no-mundo) (MARANDOLA JR., 2014).

 

Associado ao sentimento de pertencimento que singulariza o “lugar”, entendemos que o valor do patrimônio está na memória coletiva, é endógeno à história do lugar e de seus habitantes e, muitas vezes, esse valor não extrapola o campo da escala local. Ainda que não permaneça na materialidade concreta da cidade, ou não se inclua nos projetos governamentais de patrimonialização, o patrimônio se mantém no vivido: valores, práticas simbólicas, lembranças e vivência cotidiana, podendo mesmo ser locais, pequenas e até familiares (LIMA, 2017).

 

Paes (2012, p. 320) defende que uma análise geográfica e crítica sobre o patrimônio nas cidades históricas

 

“descentraliza as teorias ligadas ao restauro, ou às formas, e põe em evidência as relações sociais de uso destes patrimônios culturais, de modo a revelar a apropriação e a reprodução do lugar, em permanente resposta, domínio ou resistência às verticalidades a ele impostas”.

 

Afinal, a patrimonialização oferece o sentido de continuidade da história pela preservação e reprodução social do passado, mas “é no presente que a trama da vida é tecida, permanentemente, com os objetos, as ações e os sentidos da realidade socioespacial” (PAES, 2012, p. 320).

 

Em trabalho anterior Paes (2008) parte do pressuposto de que é preciso fazer a análise da escala humana da vida cotidiana na cidade para pensar o patrimônio. Segundo a autora

 

“na modernidade a cultura assumiu a sua interpretação mais pelo viés das relações sociais simbólicas, embora o caráter material desta esteja sempre presente. É desta forma que, mesmo o patrimônio imaterial, intangível, possui um lugar, um território, uma espacialidade e um sistema de objetos que dá concretude a este universo simbólico. [...] Os objetos, os bens e sua espacialidade são a substância de nosso universo social e simbólico, produtor de cultura. E não nos são úteis apenas para construirmos um sistema abstrato de interpretação da vida, mas para vivê-la, prosaicamente, em sua cotidianeidade” (PAES, 2008, p.163).

 

Assim, no campo da geografia, propomos a construção de um processo de identificação, catalogação e mapeamento do acervo simbólico patrimonial da cidade, bens culturais locais que não se encaixem nos critérios dos órgãos de preservação institucional, por meio de uma cartografia participativa e colaborativa.

 

A cartografia que almejamos como produto é uma atividade coletiva de criação, compartilhamento, registro e publicação, buscando a visibilidade para elementos que integram os bens culturais comuns de Itapuranga. Nesse sentido, a cartografia não necessariamente deve ser análoga às técnicas de precisão e georeferenciamento, mas se configura como um dispositivo de interpretação espacial daqueles que estão abertos e dotados da sensibilidade necessária para a observação e para a mobilização das memórias.

           

“Al margen de lo que podríamos considerar como unas prácticas cartográficas hegemónicas, minoritarias, elitistas, al servicio del poder y/o de la ciencia, en las que el mapa funciona como un instrumento creado por profesionales de acuerdo con protocolos altamente definidos y con un relativamente restringido programa de usos y finalidades; también han existido otras cartografías alternativas: heterogéneas, radicales, tácticas, ciudadanas, participativas, colaborativas, ambiguas, abiertamente subjetivas, cotidianas” (FREIRE; ONRUBIA, 2010, p. 3).

 

Segundo Martins (2020), há diferentes formas de cartografias aplicadas à preservação do patrimônio, bem como diferentes denominações, tais como cartografia participativa, mapas mentais, etnomapeamento, automapeamento, cartografia cultural, cartografia afetiva, etc. É consenso, entretanto, que a participação do sujeitos é uma das características centrais e definidoras desse conjunto variado de metodologias, o que fez com que a autora reunisse-as sob a denominação “Cartografia participativa”.

 

Ainda outras pesquisas nortearam nosso entendimento sobre a cartografia que lançamos mão. O termo “cartografia afetiva” foi desenvolvido por Pereira (2016), autora que apoiou-se na Internacional Situacionista (IS), grupo de cunho político e artístico, referência para pensar a cidade a partir dos espaços coletivos portadores de histórias subjetivas. Segundo a autora, a psicogeografia surgiu em 1955 no texto “Introdução a uma crítica da geografia urbana”, de Guy Debord. A psicogeografia, desenvolvida sobretudo na década de 1990 em Londres, buscava produzir uma cartografia subjetiva das diferentes ambiências psíquicas provocadas pelas caminhadas urbanas, a fim de demonstrar em que medida somos contaminados pelo espaço no qual vivemos e com o qual nos relacionamos, bem como as várias subjetividades que os lugares carregam. A partir desse conceito, Pereira (2016) desenvolveu um projeto de pesquisa para construir uma cartografia de afetos que poderia ser realizada não só por ela mesmo, mas por diversas pessoas. “Esse processo colaborativo originaria um arquivo de lugares afetivos da cidade, ideia que se ampliou para espaços subjetivos, muito além ou aquém do geográfico” (PEREIRA, 2016, p. 88).

 

Por meio do projeto, foi proposto às pessoas que construíssem seus “mapas de afetividades”, podendo ser criados por múltiplas linguagens: imagens, escritos, sons, objetos, etc. Nessas cartografias aparecem singularidades, vivências, lembranças, pessoas, lugares, espaços importantes da vida, ao mesmo tempo, individual e coletivo” (PEREIRA, 2014, p. 111).

 

Os pontos de diálogo entre a proposta de Pereira (2014; 2016) e a nossa estão na ênfase no caráter subjetivo da cartografia, a partir da compreensão de que serão cartografados as referências culturais do próprio grupo, isso inclui memórias pessoais e coletivas; e a possibilidade de que diferentes modos para a realização das cartografias afetivas são ativados mediante proposição feita pelo “professor”, isso se aproxima da proposta metodológica das Oficinas de Memória.

 

Inventariar para cartografar: os primeiros passos

 

A proposta de uma cartografia participativa e colaborativa dialoga também com os “Inventários Participativos” sugeridos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como uma iniciativa cuja pretensão não é servir de instrumento de identificação e reconhecimento oficial de patrimônio, nem substituir as atuais ferramentas empregadas nos processos de proteção dos órgãos de preservação do patrimônio de qualquer esfera de governo. Antes, os inventários participativos são sugeridos como um exercício de cidadania e participação social, cujo objetivo primordial “passou a ser a mobilização e sensibilização da comunidade para a importância de seu patrimônio cultural, por meio de uma atividade formativa que envolve produção de conhecimento e participação. A iniciativa visa propiciar aos usuários o contato com princípios de uma pesquisa de campo, técnicas básicas de levantamento documental, sistematização e interpretação de dados e difusão de informações. [...] Nessa atividade, é necessário um olhar voltado aos espaços da vida, buscando identificar as referências culturais que formam o patrimônio do local”. (IPHAN, 2016, p. 6-7).

 

Percebe-se, nessa cartilha elaborada sobre Inventários Participativos, a ênfase no sentido de “referências culturais”, para além do conceito estabelecido como “patrimônio cultural”, de forma a contemplar edificações, paisagens naturais, artes, ofícios, formas de expressão, modos de fazer, festas e lugares a que a memória e a vida social atribuem sentido diferenciado,

 

“[...] são as consideradas mais belas, são as mais lembradas, as mais queridas. São fatos, atividades e objetos que mobilizam a gente mais próxima e que reaproximam os que estão longe, para que se reviva o sentimento de participar e de pertencer a um grupo, de possuir um lugar”. (IPHAN, 2016, p. 8).

 

Martins (2020) buscou compreender o papel das cartografias participativas como ferramentas da identificação do patrimônio cultural a partir do levantamento de experiências de projetos de preservação do patrimônio cultural fomentados pelo poder público em nível federal (IPHAN), destacando as especificidades dos contextos, e as contribuições que essas metodologias trouxeram para cada caso. A autora incluiu os inventários como instrumentos e ações antecedentes que forneceram condições para a posterior utilização de metodologias como as Cartografias Participativas. Para a autora:

 

“Compreender a Cartografia Participativa como ferramenta de identificação do patrimônio cultural suscita uma importante reflexão acerca dos aspectos específicos da representação cartográfica do patrimônio cultural. Primeiramente, a cartografia chama atenção para a dimensão espacial do patrimônio, pensada não só a partir da localização no espaço de bens e referências culturais que o constituem, mas também a partir das relações sociais que constituem esses espaços mapeados.” (MARTINS, 2020, p. 34).

 

Durante a realização da Oficina da Memória, por meio da participação dos alunos e professores participantes, foi possível o levantamento preliminar das seguintes referências culturais de Itapuranga:

 

Tabela 1: Levantamentos das referências culturais de Itapuranga a partir das Oficinas da Memória com base nas categorias propostas pelo Manual de Aplicação de Inventários Participativos do IPHAN (2016), com adaptação.

 

Lugares

Xixazão (núcleo pioneiro)

Praça Castelo Branco

Gigante Adormecido

Represa

Associações rurais

Cooperativa e sindicatos

Café Rio Canastra

Árvore do Xixá

Saberes

Fiandeiras

Tecedeiras

Violeiros

Doceiras e boleiras

Raizeiros

 

Edificações e monumentos

Pensão Maria Camilo

Igreja Matriz Nossa Senhora de Fátima

Cristo Redentor

Biblioteca Municipal

Chaminés da antiga fábrica de cerâmica Cital

Artes e artesanatos

Sr. Tavares

Carlos Mendonça

 

Festas e celebrações

Folia de Reis de Lages

Festa do Povo

Folia do Rosário

Festa do Peão

Cavalgada

Festa dos padroeiros Nossa Senhora de Fátima e São Sebastião

Sujeitos

Dona Crioula

Divina Cigana

Maria Camilo

Dona Generosa

Sr. Najibe

Dona Augusta (feira)

Sr. Tunico

Eventos

Feira do Pequeno Produtor

Feira da Lua

Feira Coberta André Xavier Mundim

Domingo Cultural

Jogo de Saia

Objetos

 

 

Fonte: Dados coletados nas Oficinas da Memória e entrevistas (2019).

 

Diante contexto da pandemia do Corona Vírus, da condição de distanciamento social e em consonância com as Portarias UEG nº 560/2020 e nº 563/2020, que suspenderam as atividades presenciais, buscamos ajustar também a metodologia de coleta de dados do projeto, incluindo formas de utilização de meios digitais, como as redes sociais.

 

A essa forma de mapeamento, preferimos denominar como “cartografia colaborativa”. Martins (2020) aponta a diferença entre esta e a “cartografia participativa”. Segundo a autora, as cartografias colaborativas ou Geocolaboração estariam relacionadas com a cartografia que se faz a partir da rede de internet, a partir de dados gerados por usuários, que não necessariamente se constituiriam um grupo social e, portanto, se diferencia da noção de participação social presente nos mapeamentos participativos. Nestes últimos, os mapas são situacionais e refletem a visão do grupo que se encontra em oficinas, debates e outras formas de “mapear” seus territórios. Embora tenhamos utilizado dados coletados em redes sociais e em produtos disponibilizados na internet para o mapeamento, utilizamos como critério metodológico a participação voluntária dos sujeitos na indicação/exposição do bem cultural mapeado, bem como a inserção desse bem cultural num conjunto de experiências coletivas compartilhadas, o que foi possível inferir por meio da interação dos moradores nas publicações e postagens sobre os bens.

 

Acrescentamos na tabela 2 os itens que integram esse levantamento prévio e não foram mencionados na Oficina da Memória realizada.

 

Tabela 2: Levantamentos das referências culturais de Itapuranga a partir de pesquisas, com base nas categorias propostas pelo Manual de Aplicação de Inventários Participativos do IPHAN (2016), com adaptação.

Lugares

Praça da rodoviária

Praça Cunha Lima no Xixazão

Açougue do Zecão (Primeiro açougue da cidade)

Saberes

Causos e histórias da roça

 

Edificações e monumentos

1º prédio de Itapuranga, de propriedade do Sr. Izoldino, na localidade de Quebra-Coco

Prédio do Banco do Brasil antigo

Igreja em ruína (Distrito de Diolândia)

Escola Estadual Coronel José Virgílio José de Barros

Casarão Histórico Dr. Cunha Lima

Casarão Centenário da Fazenda Lages

Muro de pedras da Fazenda Lages

Festas e celebrações

Festa de Nossa Senhora da Guia (Distrito de Diolândia)

Folia de São Sebastião (Distrito de Guaraíta)

Folia de Reis (Distrito de Guaraíta)

 

Edificações antigas atualmente ausentes na paisagem

 

 

Cine Itapuranga

Primeiro Sobrado da cidade

Sujeitos

Luís Rodrigues da Silva (Fazenda Lages)

Professora MAGALI OLINTA ALMEIDA OLIVEIRA

Benedito Ferreira dos Santos, (dito Ferreira)

Geraldinho Gamela

Thare Coutinho

Eventos

 

 

Desfile Cívico em Comemoração ao 7 de setembro

Objetos

Carroças

Caga de Boi (Canga de Guia)

Antiga máquina de beneficiar arroz do Sr. Silvio Vieira.

Fonte: Dados coletados em redes sociais, páginas da internet e trabalhos acadêmicos em repositórios institucionais (2020).

 

Ao inventariar e cartografar estes bens culturais, é possível descobrir e documentar o repertório de referências culturais que constituem o patrimônio da comunidade, do território em que ela se insere e dos grupos que fazem parte dela, sem a pretensão, contudo, de formalizar reconhecimento institucional por parte dos órgãos oficiais de preservação. Para tal, faz-se necessário a pesquisa documental em arquivos municipais, pesquisa bibliográfica em materiais diversos, consulta a sítios eletrônicos na internet, visitas a centros culturais, bibliotecas, museus e instituições que trabalham com a cultura. É fundamental conversar com quem produz e conhece as referências culturais pesquisadas, como mestres de cultura popular, contadores de histórias, artesãos, pioneiros nas atividades que representam a cultura local, entre outros. Além disso, é importante buscar mais informações com professores, estudiosos e pessoas que trabalham em instituições de ensino local.

 

Considerações Finais

 

Os dados levantados são preliminares, pois o projeto está em desenvolvimento. Entretanto, o inventário participativo inicial do patrimônio cultural de Itapuranga já demonstra a necessidade de considerar a dimensão subjetiva das memórias que podem ser traduzidas em cartografias afetivas (participativas e colaborativas).

 

As leituras sobre o lugar, enquanto categoria de análise, e sobre as distintas possibilidades das representações cartográficas nos auxiliaram nessa proposta em construção.

 

Referências biográficas

 

Dra. Luana Nunes Martins de Lima, professora do curso de Geografia e do Mestrado Profissional em Estudos Culturais, Memória e Patrimônio da Universidade Estadual de Goiás.

 

Referências bibliográficas

 

FREIRE, Juan; ONRUBIA, Daniel Villar. Prácticas cartográficas cotidianas en la cultura digital. Razón Y Palabra, n. 73, Ago./Oct. 2010. Disponível em: http://www.revistarazonypalabra.org. Acesso em 01/06/11.

IPHAN. Educação Patrimonial: inventários participativos. Manual de aplicação / Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Sônia Regina Rampim Florêncio et al (Texto). Brasília-DF, 2016.

 

MARANDOLA JR., Eduardo. Sobre ontologias. In: MARANDOLA JR., Eduardo; HOLZER, Werther; OLIVEIRA, Lívia de. (Orgs). Qual o espaço do lugar?: geografia, epistemologia, fenomenologia. São Paulo: Perspectiva, 2014, p. III - XVII.

LIMA, Luana Nunes Martins de. Lugar e memória: o patrimônio goiano entre o esquecimento e a resistência. 397 fls. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade de Brasília. Brasília – DF, 2017.

PAES, Maria Tereza Duarte. Patrimônio cultural, turismo e identidades territoriais: um olhar geográfico. In: BARTHOLO, R.; SANSOLO, D.; BURSZTYN, I. (Orgs.). Turismo de base comunitária: diversidade de olhares e perspectivas brasileiras. Brasília: Letras e Imagem, 2008.

______. Refuncionalização turística de sítios urbanos históricos no Brasil: das heranças simbólicas à reprodução de signos culturais. Geografia, Rio Claro, v. 37, n. 2, p. 319-334, mai./ago. 2012.

PEREIRA, Juliana Cristina. Cartografias afetivas: proposições do professor-artista-cartógrafo-etc. Revista Ra’e Ga - Curitiba, v.30, p. 106-130, abr/2014.

PEREIRA, Juliana Cristina. Cartografias afetivas: proposições do professor-artista-cartógrafo-etc. 286 fls. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2016.

 

9 comentários:

  1. Em primeiro lugar, gostaria de dar os parabéns pela linda pesquisa. Sou do Rio Grande do Sul e fiquei com muita vontade de conhecer estes espaços pela leitura deste texto. Eu gostaria de perguntar se, em se tratando da elaboração de banco de imagens, de que forma pretendem compartilhar este material? Quais os recursos tecnológicos serão empregados? Obrigada.

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  2. Boa tarde.
    Objetivo principal dos governantes do nosso país é a modernização das nossas cidades com desculpa que progresso é necessário,destroem casarão antigos os quais guardam memórias de um relação social, não há nenhum preocupação em preservar as memórias dos habitantes,a qual é fundamental para se ter referência para gerações futuras,o que deveria planejar para essas cidades onde não há nenhuma enteresse em conservar as memórias patrimoniais?

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    1. Olá Evandro! Obrigada por seu comentário e pergunta. Na verdade, acredito que toda cidade possui, em alguma medida, grupos interessados na preservação do patrimônio cultural, mesmo que não estejam na administração pública. às vezes, moradores se mobilizam no sentido de preservar algo, ainda que seja, como você coloca, as "memórias". Exatamente, por isso tenho recorrido às mídias sociais para identificar esses grupos e esse interesse em preservação não instiucionalizado.
      É preciso engajamento desses interessados para potencializar a educação patrimonial no município, a começar pelas escolas, introduzindo transversalmente os conteúdos relativos ao patrimônio cultural e estimulando a produção do conhecimento sobre o patrimônio próprio de cada lugar. A comunidade só desejará preservar aquilo a que atribui valor; e o valor só é dado àquilo que se conhece e se experiencia cotidianamente.
      Atualmente, os casarões remanescentes de muitas cidades (observo isso nas cidades goianas) têm sido convertidos em centros culturais, museus locais, CRAS, bibliotecas públicas etc. Considero essa alternativa muito válida, pois acredito que a preservação do patrimônio se efetiva a partir do uso social.
      Nesse sentido, as secretarias de cultura dos municípios, as escolas da rede, e universidades que atuam com extensão têm papel fundamental nesse "planejamento" de ações em prol da preservação.

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  3. Sandra, muito obrigada por seu comentário e perguntas.
    O mapeamento que está em construcao (na etapa de levantamento das referencias culturais) será desenvolvido a partir do software livre Qgis. Na página de layout do mapa é possível inserir imagens com legendas devidamente sinalizadas no mapa. Esse material, ao final, será disponibilizado no corpo de um artigo em um períodico cientifico, possivelmente na revista Patryter, bem como distribuido na versão impressa às escolas do município.

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    1. Luana, obrigada por suas respostas. Fiquei muito interessada e vou ficar atenta para visualizar este trabalho posteriormente. Sucesso!

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  4. Boa noite, Luana. Gostaria de parabenizar pelo texto e agradecer por compartilhar a experiência, que foi inspiradora pra mim. Gostaria de saber como foi organizada e desenvolvida a Oficina da Memória e a importância dessa ação na elaboração da cartografia participativa e colaborativa?

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    1. Olá Thaís! Obrigada por sua pergunta e comentário. Sou docente na Universidade Estadual de Goiás. A Oficina da Memória foi um projeto de extensão desenvolvido no âmbito da universidade com o seguinte público alvo: alunos de escolas públicas do município e pessoas que são referências na cultura local. Só pude fazer uma, pois logo veio a pandemia e o isolamento social. Durante um evento do curso de Geografia, convidei turmas do ensino médio de um escola específica e uma senhora que é fiandeira, saber tradicional da cidade herdados dos migrantes mineiros que vieram para a região. Essa senhora também é pioneira na feira do produtor rural, uma feira muito tradicional e importantíssima como elemento identitário local. Após uma exposição sobre patrimônio cultural, essa convidada fez vários relatos de vida e sobre a fiação tradicional, contou histórias, etc. Foi uma experiência muito interessante.
      Em seguida, propus aos estudantes que formassem grupos e levantassem bens que eles consideram patrimônios do lugar, segui as categorias propostas pelo Manual de aplicação de inventários participativos do Iphan. Cada grupo elegeu alguns bens, que eu reescrevi todos na lousa, dividindo-os em categorias, para que todos acompanhassem. A partir disso, obtive o primeiro quadro que coloco no artigo. Esses dados posteriormente serão cartografados.

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  5. Luana, parabéns pelo seu trabalho. Trazer a cartografia nos auxilia a pensar os usos do patrimônios em diferentes áreas de conhecimento e as oficinas podes utilizar a abordagem da educação histórica. abraços

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    1. Olá Jaqueline. Obrigada por seu comentário e pela dica da educação histórica! Venho caminhando pela esteira da educação patrimonial.

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